Hoje acordei de uma forma diferente. Na Residência de estudante onde vivo, as limpezas aos quartos começam logo pela manhã. Eram 8 horas e 30 minutos e já se escutava o aspirador no corredor do 2º piso, por sinal, o piso em que me encontro. Claro que acordei assim, ao som do aspirador. No entanto, nem foi o aspirador que me despertou grande atenção naquele instante. Por momentos senti-me invadida por um som musical que me parecia vir do 1º piso. Pensei e parecia-me que provinha do quarto 109, pois é o quarto que se encontra por baixo do meu e de lá me perecia vir tal melodia. De momento fiquei sem me mexer na cama. Apenas fechei os olhos e sem movimentos, imaginei e recordei um momento que vivi, com aquela melodia que se aproximava ali de mim. Uma voz feminina, uma letra que me desperta atenção, todo um momento de reflexão e recordação. Era assim que me encontrava ali e naquele instante.
Tudo isto se passava ali, naquele pequeno meu Mundo. E eu que acabava ainda de acordar sentia-me imensamente bem apenas e somente em escutar aquela música. Ela fazia-me bem. E nem o barulho do aspirador me incomodou. Queria escutar e voltar a fazê-lo, tendo tempo para de uma ou outra forma voltar a viver momentos lindos que já vivi ao som da mesma música. Mas, ela terminava e em mim surgia o desejo de a voltar a escutar. Levantei-me, dirigi-me para a secretária, perto da janela, e ainda com os olhos meios fechados, levantei o estore que sem fendas, não deixava que a luz do dia que agora surgia invadisse aquele meu mundo ainda escuro. Voltei à secretária e liguei o computador. Enquanto este ligava, eu escutava vozes o corredor, passos de pessoas que provavelmente se dirigiam para a escola, para mais um dia de aulas. Entretanto, o aspirador calou-se, os passos tornaram-se mais suaves e eu dava por mim a procurar nas minhas músicas de eleição aquela com que acordara no ouvido. E ali estava eu… a música começava e eu sorria.
Imaginava e tinha em mente as imagens do meu 1º ano de curso. Lembro de na altura, a professora de expressão dramática ter sugerido a toda a turma a realização de uma coreografia para aquela música que no momento escutava. Recordo que na altura, a turma se mostrou um tanto ao quanto atrapalhada, até porque lhes parecia difícil conseguir uma coreografia para aquela música. Eu, e como sempre diferente, quis intervir e afirmei que podíamos tentar, até porque a letra da música poderia, sem dúvida, ajudar. Avançamos e andamos quase um mês à volta de ensaios, mas conseguimos com força de vontade e muito empenho realizar uma coreografia que me pareceu deveras interessante pela mensagem que a música nos transmitia. E de facto, assim foi, tanto que a docente nos deu um feedback bastante positivo.
Tínhamos acabado de realizar a nossa coreografia e a professora mostrou-se imensamente feliz porque tínhamos conseguido realizar algo do género do que ela pretendia. Sabemos que ficou feliz, mas mais ficamos nós, isto porque aquela linda música tinha entrado nos nossos ouvidos durante dias a fio, sempre depois das aulas escutamo-la e tentamos realizar algo prestável e que pudesse ser concretizável em qualquer contexto. Era bom ver que o nosso trabalho de um mês era agora ali aplaudido.
Eu e o meu grupo estávamos felizes porque víamos que o difícil tinha sido atingido. Estávamos perante algo que até nos tinha dado imenso prazer realizar.
Recordo-me de várias noites, por volta das 23 horas em que íamos para a escola e nos dirigia-mos cheios de materiais e acessórios para a sala de expressão dramática. Recordo os vários ensaios que fizemos. Recordo as muitas noites que no chão me enrolei num lençol azul e imitei as ondas e a sua passagem. Recordo, com saudade as remadas que fingi dar; o chamar de um familiar que estava indeciso entre o dever e a família. E porquê tudo isto? Eu explico: a música assim nos o pedia. E tendo em conta a letra da música decidimos precisamente fazer uma coreografia que se adequasse ao momento musical e como tal, decidimos em nós encontrar um marinheiro; quatro ondas que em determinados momentos se tornavam familiares do marinheiro e decidimos também vestir a pele de um diabo. Lembro que todos os passos da música foram por n õs delicadamente trabalhados e escolhidos, sendo que a nossa mensagem se orientava para a vida de um marinheiro que estava na dúvida entre o que deveria ou não fazer. Será que devia partir para o mar e ir em busca de sustento? Ou deveria ele ficar com a família e dar-lhe esse sustento de uma forma mais sofredora, sendo que para tal a fome se faria notar? Tentamos e penso que conseguimos com esta música retratar esta situação e de uma maneira geral, a letra e a coreografia se adequaram.
Hoje digo para mim, e à pouco quando fui à praia disse-o também: A Canção Do Mar, é uma daquelas que nos faz sonhar, viver, e recordar um passado que tenhamos vivido e de certa forma matar a saudade de um acto que nos possa ser desconhecido momentaneamente…
segunda-feira, 12 de março de 2007
Canção Do Mar...
Postado por Sofia Cunha às segunda-feira, março 12, 2007 3 comentários
segunda-feira, 5 de março de 2007
Mais Um Ano Que Por Mim Passou!...
Eram 22 horas e 30 minutos.
“Sr.ª Maria, é uma Ritinha”. Estas foram as primeiras palavras proferidas pela parteira, depois do meu nascimento. A minha mãe sorriu e agradeceu…
Tal acontecimento deu-se há precisamente 21 aninhos, faz hoje mesmo. Na altura, os meus pais ainda não tinham decidido que nome me iriam dar. Mas se existiam dúvidas, essas mesmas dúvidas foram excluídas ali, no momento do meu nascimento. A minha mãe gostou tanto da expressão da Senhora parteira que acabou mesmo por me querer chamar Rita. Se esse nome não surgisse naquele momento, hoje provavelmente eu seria Rosa ou Sofia de primeiro nome. Mas e felizmente, penso que tenho dois nomes lindos (Rita Sofia).
Sou a 2ª filha mais velha do casal, senhores meus pais. Fui a única filhota que nasceu na Vila de Paredes de Coura. Os meus irmãos nasceram todos em Viana do Castelo. Mas pelo que os meus pais me têm dito durante estes anos todos, eu não dei sequer espaço de manobra. Parece que tinha pressa em nascer, e pelo que se consta até tive sorte: por pouco, nascia em pleno autocarro que circulava pelas aldeias da minha pequena Vila. Hoje e para me rir e fazer rir, viro-me para a minha mãe e pergunto-lhe:”fogo mãe naquele dia tinhas mesmo de te lembrar de andar de autocarro? Não podias fazer isso num outro diz?” E ela ri-se e ri-se. Acabamos as duas abraçadas a rirmo-nos de nós mesmas;).
Hoje acordei precisamente com um telefonema. Era a Senhora minha mãe: “filhota era só para te dar os parabéns! Faz hoje 21 anos que me apeteceu andar de autocarro” e sorriu depois… eu, ainda meia a dormir, respondi: “Obrigada mamã! O mesmo lhe desejo! sei que hoje faço 21 anos, mas também sei que há precisamente 21 anos te lembraste de fazer uma viagem de autocarro pela nossa linda vila e por pouco, muito pouco, também eu acabaria por viajar naquele autocarro” e rimos mais uma vez as duas… É bom, muito bom recordar que estas histórias nos fazem viver ainda mais felizes. Afinal, recordar é mesmo Viver!
Podia dizer-vos muitas e diversas coisas sobre a minha vida até hoje. Contar-vos toda uma vida de histórias. Mas na realidade prefiro dizer-vos que quero muito continuar presente na vida das pessoas a quem pertenço. Quero continuar a mostrar-me presente em cada momento e em cada vosso instante. E continuando sempre e sempre a ser Eu, quero que saibam que em cada meu aninho me quero mostrar um apoio para vocês;) quero-vos muito amigos!
Para terminar, deixo a frase que já hoje, uma pessoa muito especial para mim, me deixou: “Foi neste dia que chegaste ao Mundo. Não pertencias a lugar nenhum, mas depressa ganhaste um lugar no nosso coração”…
Obrigado a todos;)
Postado por Sofia Cunha às segunda-feira, março 05, 2007 4 comentários
quinta-feira, 1 de março de 2007
Eu quero é Viver!...
"É tão bom abrir as janelas e portas do nosso próprio eu e sentir uma golfada de ar fresco que primeiro nos ataca os pulmões, e depois, num arrepio o corpo todo.Um dia abri as asas e voei com o vento: senti a libertação plena e conheci poentes que se estendem até aos limites da amargura e auroras fora do tempo oferecendo o infinito. O futuro não extinguiu o passado e o presente é o meu sonho, que me move. Abracei os astros, a terra para mim não tem amarras. De nada adianta tentar prender-me as asas. Amanhã voarei ainda. Sinto o eco de tudo aquilo que sou e são as certezas que me movem. Levantarei vou sozinho ou acompanhado. Mas voarei. A terra não me pertence, estou de passagem. Quero o tudo, o absoluto divinizado." (Desconheço o autor) Por vezes, surge na nossa mente algo que por momentos nos faz pensar em tudo e ao mesmo tempo, quase nada, ou nada mesmo. Esta mensagem a que me submeti espelha exactamente isso. Mas acredito que a vida é uma realidade pela qual terei e já tive de passar. Na mesma viverei com o desejo de ao mais longe chegar e o máximo de mim dar. Para tal e neste sentido, requeiro aqui e publicamente o desejo e vontade de que me deixem voar; desatar os braços e os amigos abraçar; abrir as portas e deixar que as janelas abertas se mantenham. Deixem-me viver e à Vida pertencer…só quero uma vida de vidas, um sonho da realidade, um presente convosco e um Mundo de imensidão solene;) Depois, surge-nos algo assim… “Estamos num vale de lágrimas! Podemos ter muitos sonhos, mas a vida é dura, implacável, triste" Paulo Coelho in Onze Minutos O que eu quero é Viver;) Obrigado a todos …(**)…;) |
Postado por Sofia Cunha às quinta-feira, março 01, 2007 2 comentários
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