terça-feira, 31 de outubro de 2006

O beijo que não me deste...


Não sei,
Não sei onde estás…
E eu aqui,
Em tenras areais,
Me lembro de ti…

Olho o mar
E te imagino chegar,
Mas tu não vens…
As águas passam
E delas nem um sinal teu…

Onde estás tu?
Porque não estás aqui?
E eu espero,
Eu espero por ti…

De repente,
Fecho os olhos.
Sinto um vento frio
Tocando meu rosto…
Imagino teus lábios
Beijando-me a face…

Mas não,
De ilusão não passa
Porque abrindo os olhos
Tu não estás aqui
E o teu beijo eu não sinto…
Foi simplesmente uma brisa
Aquela que passou,
E não mais voltará…

Porquê?
Porque é que tu não estás aqui?
Mas eu espero,
Eu espero por ti…

sábado, 21 de outubro de 2006

Quero ver-te chegar...


A noite cai.
O sol põe-se,
Eu não te vejo,
Não te vejo chegar…
Por entre a transparência
Da janela do meu quarto
Que agora, aberta está,
Esperando, sinais de ti, me dar.
Mas tu não chegas,
E dela, nada vem.
Eu desespero,
E olhando firmemente,
Me fixo no longe e eterno além.
Esperando sinais,
Sem saber se virão.
Mas, na esperança de os ter,
Aqui permaneço,
Nesta noite,
Noite que agora começa
E tardiamente findará.
Eu espero por ti,
Pelo teu chegar.
Mas tu não chegas,
E eu não te vejo…
Mergulho na aflição,
E o meu corpo arrefece.
Sou invadida por um sopro frio
Que me sobe pela espinha…
Os meus olhos não se desviam,
E fixados na janela
Não te vêm chegar…
Há horas que aqui estou,
E aqui continuarei,
Porque te quero ver,
Quero ver-te chegar…

terça-feira, 17 de outubro de 2006

"Eu não sei quem te perdeu..."

Quando veio,
Mostrou-me as mãos vazias,
As mãos como os meus dias,
Tão leves e banais.
E pediu-me
Que lhe levasse o medo,
Eu disse-lhe um segredo:
"Não partas nunca mais".

E dançou,
Rodou no chão molhado,
Num beijo apertado
De barco contra o cais.

E uma asa voa

A cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
E eu não sei quem te perdeu.

Abraçou-me

Como se abraça o tempo,
A vida num momento
Em gestos nunca iguais.
E parou,
Cantou contra o meu peito,
Num beijo imperfeito
Roubado nos umbrais.
E partiu,


Sem me dizer o nome,
Levando-me o perfume
De tantas noites mais.
E uma asa voa

A cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
E eu não sei quem te perdeu…

Pedro Abrunhosa


A música é para mim algo que me acompanha dia a dia, hora a hora, instante a instante, em momentos de alegria, em momentos de tristeza, uma espécie de confidente quando para isto não tenho por perto alguém que me possa escutar…
Esta é, sem dúvida, uma das letras que mais me marca muito pela mensagem que intensamente me transmite. Associo-a a palavras como “perda” ou “partida” de alguém. Alguém que fisicamente se vai da minha vida. E eu que ultimamente escrevo bastante sobre a ausência das pessoas que me são especiais, sinto cada vez mais que a distância dessas mesmas pessoas se torna também ela cada vez mais forte e forçosamente intensa ao ponto de me fazer realçar mais ainda a importância e o assumido valor que elas têm para mim, em cada momento da minha vida. Por isto, o meu verdadeiro amigo sabe que em qualquer instante, em cada momento, em cada circunstância, o mais pequeno que seja o espaço de tempo, eu estarei com ele, porque um dia ele pode partir e posteriormente voltar… Nessa altura eu estarei aqui para o receber de braços abertos, para o abraçar… porque para o verdadeiro amigo não preciso de marcar hora, nem momento… ele vem e eu receberei a sua amizade como recebo todos os dias os carinhos das pessoas que me são muito, muito especiais. Ele sabe isso e sabe também que sou talvez um Ser capaz de o surpreender em momentos que ele menos espera, em momentos que posso sentir que devo estar mais perto fisicamente dele, porque um amigo na verdade nunca está longe de mim. A sua essência acompanha-me sempre.
Por vezes, quando o meu amigo não se encontra fisicamente presente a meu lado sinto a necessidade de me deslocar até ele. Preciso de estar com ele. Até hoje já várias vezes acordei durante a noite e fui até junto de pessoas que me são deveras muito especiais, algumas das quais hoje já não tenho nem poderei mais ter fisicamente presentes na minha vida. Mas sei que estas pessoas ficaram felizes pelo meu gesto, gesto que considero ser capaz de ter com qualquer amigo especial que surja na minha vida. Tudo porque para mim, a amizade é uma das maravilhas mais maravilhosas que maravilhosamente tenho na minha vida, a par de várias outras maravilhas que também vão surgindo para mim, como o verdadeiro Amor que talvez já tenha tido, mas que não nego poder voltar a ter. O amigo é para mim muito, muito, mesmo muito… e como sempre digo: ele é parte da minha Felicidade…
Parece-me deveras importante reflectir sobre este belo conceito de amizade… sobre esta, para mim, sempre eterna maravilha…

domingo, 15 de outubro de 2006

Filha de peixe sabe nadar...

Nada depressa, pedala depressa e corre também da mesma forma. É a nossa menina Vanessa Fernandes, filha do ciclista Venceslau Fernandes. Atlata do Sport Lisboa e Benfica, Vanessa á uma triatleta cheia de garra e força.

Se um dia fomos Portugueses capazes de colocar a Bandeira Nacional nas nossas janelas porque não podemos agora voltar a fazê-lo durante as manifestações de alegria que esta ainda jovem atleta nos dá? ... Afinal ela é também nossa Campeã...

Bem palavras para quê?... As imagens valem sempre muito mais, se não vejamos...;)

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quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Aprender a Amar...



“Os ventos que por vezes nos tiram algo que amamos são os mesmos que nos trazem algo que aprendemos a amar. Por isso, não devemos chorar pelo que nos foi tirado mas sim, aprender a amar o que nos foi dado, pois aquilo que é verdadeiramente nosso, nunca se vai para sempre… “

Até hoje, já várias vezes senti a necessidade de fazer passar esta mensagem a um amigo, a um colega, a um familiar… e na verdade, também já várias vezes, em momentos menos fáceis da minha vida, também a fiz passar a mim mesma. Aliás, penso que para sermos Seres capazes de passar este tipo de pensamentos, a qualquer pessoa que seja, temos de antes compreender aquilo que por de traz do mesmo está. E quando se trata de questões de carácter mais sensível, devemos saber escolher o momento correcto ou mais propício e a forma mais decente para pronunciar ou manifestar tais mensagens.
Já tive alguns momentos de perda na minha vida… momentos em que sofri muito, momentos em que pensei o porquê de tudo aquilo, momentos em que me tentei apoiar e apoiar as pessoas que nas mesmas circunstâncias também sofreram. Hoje penso nestas coisas e apenas quero ter a certeza de que tudo o que fiz em tais momentos me ajudou a superar a fase menos boa por que passava, e que também ajudei os outros. Quem me conhece sabe que à coisa de ano e meio “perdi” alguém que na verdade muito amei, alguém que muito fez para conquistar o meu amor, alguém que aprendi a amar, alguém sempre muito especial para mim. Inocentemente perdi essa pessoa, mas hoje sei que apenas a não tenho comigo fisicamente, porque na verdade penso nela todos os dias, varias vezes e trago-a no coração, porque “aquilo que é verdadeiramente nosso, nunca se vai para sempre… “, nunca se vai de nós, nunca se vai da nossa vida. Na altura sofri, sofri muito, chorei, chorei muito… mas sei que não fui a única pessoa… outras também sofreram e naquele momento, e para me ajudar a mim, preferi apoiar essas pessoas, preferi estar com elas em cada momento, preferi escutar a dor delas, porque isto fazia aliviar a minha. Naquele momento apenas quis pensar que era uma fase superável, uma fase que abriria outras portas, uma fase que me colocava à prova e testava a minha dor e sofrimento. E na verdade, a forte e intensa vontade que na altura tive para ajudar as pessoas a superar tal fase foi também a mesma que me ensinou a ser mais forte, a ser mais autónoma, a crescer enquanto pessoa… e como me dizem algumas pessoas com quem hoje falo e que na altura também sofreram bastante, pessoas minhas amigas, aquela foi também a fase em que eles compreenderam e notaram a enorme força que tenho e principalmente o espírito de apoio e atenção que sei dar. Hoje estou perfeitamente consciente das alterações que aquele acontecimento teve na minha vida. Falo com pessoas amigas sobre o acontecido e sinto que tudo aquilo me ajuda ainda mais. Alguns amigos que me consideram fisicamente bastante sensível não compreendem como consigo ser tão forte e vencer estes momentos de forma natural. Mas sobre isto apenas sei dizer que não ultrapasso estes momentos completamente sozinha, as pessoas estão comigo e de uma forma ou de outra conseguem aliviar a minha dor e o facto de nesses momentos eu as tentar também ajudar é como que de uma forma ou de outra consigamos recuperar aquilo ou quem “perdemos” (fisicamente). Por isto, penso que se torna cada vez mais importante colocar esta mensagem na boca, transmiti-la aos outros e a nós mesmos. Eu já fiz isto e hoje sinto que muito me ajudei e auxiliei os outros. Eu acredito que os ventos, os momentos, os acontecimentos e as circunstâncias que por vezes nos “tiram” algo ou alguém que amamos são os mesmos ou mesmas que nos trazem algo ou alguém que aprendemos a amar. “Por isso, não devemos chorar pelo que nos foi “tirado” mas sim, aprender a amar o que nos foi dado, pois aquilo que é verdadeiramente nosso, nunca se vai para sempre… “.
Penso importante reflectir sobre esta mensagem e sempre que possível, fazer dela, uma mensagem nossa e utiliza-la enquanto auxilio e apoio para alguém em momentos de necessidade, em momentos como os que eu tive, porque isto nos fará sentirmo-nos pessoas capazes de ajudar… pessoas úteis… porque isto também nos ajuda a nós mesmos…



segunda-feira, 9 de outubro de 2006

O Rio Minho cria sentimentos únicos…


Rio Minho,
Rio adorado,
É sentimento único,
Aquele por ti criado…

Encontro-me aqui,
Sentada nas tuas margens,
Ó Rio Minho,
E estou a escrever.
Faço-o
Porque tu m’o fazes fazer…
Escrevo o que sinto,
E o que sinto
É simplesmente simples
E ao mesmo tempo complexo:
Encaixa na complexidade.
É inexplicável, mas saudável.
É sentimento único,
Nunca antes,
Por mim, sentido…

Na tua nascente
Está o meu nascer
E nas tuas aguas transparentes
Vislumbro o incentivo para viver!

As tuas águas, ó Rio Minho,
São, para meu físico,
Sinonimo de devoção
E para a minha alma
São símbolo de purificação…

Na tua presença, ó Rio Minho,
Não há tristeza nem solidão.
Há antes um forte e vibratório
Sentimento de emoção…

As tuas águas correm depressa.
Da mesma forma corre o tempo.
É tarde!
Preciso partir!
No entanto, só o farei
Depois de determinadas palavras
Te dirigir:
Só tu, ó Rio Minho,
Despertas, em todo o Ser,
O querer e o desejo eterno
De a teu lado permanecer…

És único,
E é também assim
O sentimento
Que em mim vagueia,
Todo o momento:
Na chagada,
Na permanência
Na despedida,
Enfim, sempre que estou à tua beira! …

sexta-feira, 6 de outubro de 2006

Simplesmente Sonhei...

Sonhei…
Esta noite sonhei…
Sonhei…
Que o mundo é perfeito,
Que o sol brilha todos os dias,
Que as crianças brincam num jardim de praça.
Esta noite sonhei…
Sonhei…
Que não existe sofrimento, nem dor,
Que o ódio se foi, sem marcas deixar,
Que, a desilusão, de uma palavra não passa.
Esta noite sonhei…
Sonhei…
Que o amor voava nas asas de uma andorinha,
Entre nuvens dispersas, por cima do mar.
Esta noite sonhei…
Sonhei…
E vi o que não vejo,
Pois um sonho é mesmo assim:
Somos transportados para um outro mundo
E nele divagamos até nos perdermos.
Depois acordamos e ao nosso voltamos.
Esta noite sonhei…
Sonhei…
Simplesmente sonhei…


terça-feira, 3 de outubro de 2006

O Amor surge de momentos assim…

É já de manhã e eu estou acordada.
Olho para a janela e dela me aproximo.
Por entre os vidros transparentes,
Vislumbro as gotas que caiem do Céu.
Lentamente, elas acariciam o chão,
Como se um beijo lhe dessem.
Denoto a relação do Céu e da Terra,
Aquela que o Amor já mais quererá que cesse.
O Amor presente, mas sempre distante.
O Amor do sempre e eterno instante…
E no além, por entre as manchas cinzentas,
Um aproximar apaixonante se faz notar:
O de dois Seres que em tenras areias,
A noite, decidiram passar.
Agora mais perto, e ainda mais de mim,
Seus olhos brilham radiantemente,
Transmitindo a ternura de um amor ardente
Que na noite surgiu e não mais terá fim.
O Amor surge de momentos assim…

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

Fica e vai sempre alguma coisa...



“Cada um que passa em nossa vida,
Passa sozinho...
Porque cada pessoa é única para nós,
E nenhuma substitui a outra...
Cada um que passa em nossa vida,
Passa sozinho,
Mas não vai só...
Cada um que passa em nossa vida,
Leva um pouco de nós mesmos,
E deixa-nos um pouco de si mesmo...
Há os que levam muito,
Mas não há os que não levam nada...
Há os que deixam muito,
Mas não há os que não deixam nada...
Esta é a mais bela realidade da vida.
A prova tremenda da importância de cada um,
É que ninguém se aproxima do outro por acaso.“

Antoine de Saint-Exupéry



Tenho intensamente presente no meu pensamento esta bela mensagem de Antoine de Saint-Exupéry. Até hoje, várias vezes a escutei e também pronunciei, porque me identifico com a mesma e porque também ela faz parte de mim, e da minha vida.
Enquanto Seres singulares e particulares que somos sabemos que não existem pessoas iguais, com características pessoais totalmente semelhantes. Somos pessoas diferentes, quanto mais não seja, num único aspecto.
Ás vezes deparo-me ou sou questionada acerca da pessoa que considero mais importante para mim… eu não iria por aqui… para mim, cada pessoa tem a sua importância, independentemente daquilo que nos é. Hoje sei que sou capaz de fazer muito e muito mesmo por um familiar, por um amigo ou mesmo por alguém que ame no verdadeiro sentido da palavra… não optaria por dizer que este é mais importante do que aquele, mas sim que este me marca desta forma e aquele me marca de uma outra forma, mas que ambos são importantes independentemente da forma que o sejam.
Enquanto Seres sociais e conviventes que somos sabemos que de dia para dia podemos “sofrer abandonos” da parte de alguém que por momentos esteve na nossa vida. Vejamos o exemplo de colegas de turma: são pessoas que estão connosco e que nos acompanham no nosso percurso escolar. Um dia sabemos que o deixaram de ser, e vão-se do nosso mundo social, por razões adversas, mas na verdade, nunca se vão da nossa vida, porque de uma forma ou outra, elas marcam-nos e deixam em nós parte deles mesmos. Momentos bons, outros menos agradáveis, partilhas de instantes e muitas mais coisas, são aspectos que nunca deixaram que qualquer pessoa passe na nossa vida e nela não deixe nada. Fica sempre algo… um gesto, um sorriso, um simples olhar, uma mensagem… ficamos sempre com algo dessa pessoa, mesmo que seja algo menos positivo, algo que nos cabe tentar superar.
Todas as pessoas são única e exclusivamente elas mesmas e não existe sequer a possibilidade de serem substituíveis. Na nossa vida, “cada um que passa… passa sozinho”, porque para nós mesmos essa pessoa é única e não existe um Ser que lhe é igual, um Ser capaz de a substituir. Esse mesmo Ser que nos marca, quando parte, fisicamente, da nossa vida, nunca vai só e não deixa apenas marcas, pois também as leva. Ele leva parte de nós e deixa, em nós, parte de si mesmo. Uns levam mais e deixam também muito, mas existem também aqueles que levam pouco e os que não deixam quase nada, mas não existe aquele Ser que não leve e não deixe nada. Fica e vai sempre alguma coisa….
Penso importante reflectir sobre esta mensagem. Mostrem o que pensam em relação à mesma….